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Como Haqqani tenta se apresentar como um estadista em meio a um governo extremista

Sirajuddin Haqqani, membro do governo Talibã no Afeganistão
Sirajuddin Haqqani, membro do governo Talibã no Afeganistão — Foto: Jim Huylebroek/The New York Times

Sirajuddin Haqqani, um nome que anteriormente gerava temor entre os afegãos, tenta se reinventar como uma figura diplomática e moderada. Conhecido por sua ligação com a al-Qaeda e a lista dos mais procurados dos Estados Unidos, Haqqani busca agora um novo papel no governo talibã, após a retirada das tropas americanas em 2021. Ele tenta duar um diálogo com o Ocidente, mesmo que sua história esteja marcada pela violência.

Historicamente, Haqqani foi uma figura central durante a guerra no Afeganistão, usando táticas brutais que incluíam ataques suicidas contra tropas americanas. Segundo ele, “Vinte anos de jihad nos levaram à vitória. Agora abrimos um novo capítulo de engajamento positivo com o mundo” (Goldbaum, 2024). Essa mudança de postura é vista como parte de uma luta interna dentro do Talibã, onde Haqqani tenta se opor ao emir Haibatullah Akhundzada, uma figura mais rígida em suas políticas.

Enquanto Akhundzada restringe os direitos das mulheres e idolatra uma visão extremista, Haqqani se posiciona como um defensor dos direitos femininos, propondo a volta das meninas à escola e a inclusão de mulheres no governo. No entanto, diplomatas ocidentais permanecem céticos sobre suas intenções, considerando que suas promessas podem ser estratégicas para ganhar o apoio ocidental em meio a sua rivalidade interna (Exame, 2024).

Sirajuddin Haqqani durante visita a combatentes talibãs perto de Kandahar
Sirajuddin Haqqani (sentado ao centro) durante visita a combatentes talibãs perto de Kandahar — Foto: The New York Times

Em busca de aceitação internacional, Haqqani iniciou uma série de viagens diplomáticas e negociações silenciosas. Ele tem fomentado relações com a Rússia, China e nações islâmicas, além de realizar encontros no Ocidente. Suas estratégias incluem também a pressão por investimentos e a manutenção de um diálogo claro com a ONU.

Em um de seus momentos marcantes, em junho deste ano, Haqqani foi visto com o líder dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed, sinalizando que os esforços de sua diplomacia estão em andamento e ganhando atenção (Goldbaum, 2024). Sua presença em eventos como o haj em Meca e a recente remoção temporária de uma lista de restrições de viagem da ONU são indicadores de que seus esforços estão gerando resultados.

No entanto, o futuro de Haqqani e suas aspirações ainda é incerto. Enquanto busca estabelecer laços mais robustos com o exterior, continua a enfrentar a resistência do emir talibã, que busca manter seu domínio. A transformação de Haqqani, marcada pela ambivalência entre o pragmatismo político e seu passado violento, permanece como um dos desafios mais intrigantes para o futuro da política afegã.

Estas novas direções e a luta contínua por reconhecimento marcam uma fase crucial para o Afeganistão e sua liderança talibã. A pergunta que fica é: até onde Haqqani está disposto a ir para garantir uma mudança verdadeira e duradoura?

O leitor é encorajado a comentar e compartilhar suas opiniões sobre essa transformação de Sirajuddin Haqqani e os possíveis impactos no futuro do Afeganistão.

Referências

  • https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/10/25/como-o-militante-taliba-mais-procurado-dos-eua-se-tornou-uma-esperanca-de-mudancas-no-afeganistao.ghtml
  • https://exame.com/mundo/como-o-militante-taliba-mais-procurado-dos-eua-se-tornou-uma-esperanca-de-mudancas-no-afeganistao/

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