Mineradoras assinam acordo, mas valor é considerado insuficiente em comparação aos danos causados
Fonte: Folhapress
Familiares das vítimas e prefeitos da região afetada pelo rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em 2015 em Mariana (MG), expressaram insatisfação com o acordo de repactuação assinado no último dia 25 de outubro, que prevê R$ 170 bilhões em reparações às vítimas e ao meio ambiente. Este valor, segundo eles, é considerado insuficiente diante da magnitude da tragédia que resultou na morte de 19 pessoas e gerou danos ambientais permanentes.
A repactuação foi formalizada em Brasília e irá destinar R$ 100 bilhões ao longo de 20 anos para municípios, estados, famílias e organizações afetadas. Contudo, os críticos alegam que esse montante não cobre os prejuízos severos que a população local enfrentou. “O sentimento inicial é de decepção. Foi muito aquém do esperado,” disse José Roberto Gariff Guimarães, prefeito de São José do Goiabal (MG) e presidente do Fórum Permanente de Prefeitos do Rio Doce.
Apesar do descontentamento geral, o Movimento dos Atingidos por Barragens reconheceu que o acordo representa um avanço em comparação a propostas anteriores. “Embora o acordo apresente insuficiências, reconhecemos sua importância,” ressaltou a entidade em uma nota. A pressão popular e a mobilização dos afetados foram fundamentais para o resultado alcançado, segundo a organização.
Além disso, o acordo surge em um momento crucial, uma vez que a mineradora BHP Billiton enfrenta um julgamento na Inglaterra, onde familiares das vítimas buscam indenizações que podem chegar a R$ 230 bilhões. Esse contexto complicou ainda mais as expectativas em torno da justiça para os prejudicados. Para o escritório Pogust Goodhead, que representa os reclamantes no Reino Unido, “os valores definidos no Brasil estão longe de cobrir os profundos prejuízos sofridos pelas vítimas.”
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que o acordo representa uma nova fase para a empresa, considerando que este resolve uma série de processos pendentes e reforça a jurisdição brasileira nas questões referentes ao desastre. “Estamos muito felizes com o desfecho hoje,” declarou Pimenta durante uma conferência.
O desafio, no entanto, persiste, uma vez que muitos membros da comunidade ainda lutam para garantir que suas necessidades sejam atendidas de forma adequada. O “Fundo Rio Doce”, gerido pelo BNDES, será responsável por administrar os recursos e o seu impacto na recuperação das áreas afetadas é aguardado com expectativa.
Para aqueles que vivenciaram as consequências diretas dessa tragédia, a luta por reparação completa e justa continua.
Referências
- https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/10/acordo-de-r-170-bi-por-tragedia-de-mariana-e-insuficiente-dizem-municipios-e-familias-de-vitimas.shtml
- https://www.terra.com.br/planeta/noticias/desastre-de-mariana-apos-inicio-de-julgamento-em-londres-brasil-assina-acordo-de-r-170-bi-com-mineradoras,751a287de9a7ca53999f7a095807a674unhjft06.html
- https://www.infomoney.com.br/mercados/vale-acordo-de-mariana-desconstroi-acao-no-exterior-e-marca-nova-fase-diz-diretoria/