Acusações e críticas marcam a relação entre os principais líderes do Partido dos Trabalhadores
Gleisi Hoffmann é reeleita presidente nacional do PT. Fonte: Reuters
A recente sequência de eventos no Partido dos Trabalhadores (PT) levou a um embate público entre a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Os desdobramentos surgiram após o desempenho inferior do PT nas últimas eleições municipais, onde a legenda elegeu apenas 252 prefeitos, marcando uma derrota significativa em comparação aos 182 prefeitos conquistados anteriormente em 2020.
Na manhã de segunda-feira (28), Padilha expressou que o PT ainda se encontrava na “zona de rebaixamento”, fazendo alusão ao desempenho insatisfatório do partido. Gleisi Hoffmann respondeu às suas declarações em uma publicação nas redes sociais, afirmando que o ministro ofende o PT ao “fazer graça” e, ao mesmo tempo, apontou a responsabilidade de Padilha pelos resultados fracos nas urnas.
Ela destacou: “Ofender o partido, fazendo graçinhas, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças”. Gleisi exigiu uma abordagem mais respeitosa em relação ao PT, um partido que, segundo ela, lutou arduamente por “Lula Livre” e por “Lula Presidente”.
Gleisi Hoffmann em momento sério. Fonte: Reuters
As tensões não se limitaram ao diálogo entre Hoffmann e Padilha. Em uma reunião fechada da Executiva Nacional do PT com a bancada do partido na Câmara e no Senado, ficou evidenciado um descontentamento generalizado. O foco da insatisfação estava na avaliação de que o governo Lula não privilegiou a legenda, o que resultou em perdas eleitorais. Durante a reunião, foi defendida a necessidade de uma reforma ministerial imediata para reverter a percepção de que o PT está sendo marginalizado dentro da atual estrutura governamental.
Segundo relatos de membros do partido, a articulação política do governo, liderada por Padilha e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi considerada insuficiente. As críticas dirigidas a Rui Costa mencionaram que ele tem uma “agenda própria” e que é mais alinhado com o Centrão do que com o PT.
O deputado federal Jilmar Tatto sumariou a visão do partido ao afirmar que houve uma falta de unidade durante as eleições, indicando que ministros estiveram em campanhas de adversários. Ele alegou que o governo “não ajudou no processo eleitoral” e que a desconexão com a classe trabalhadora representou um obstáculo significativo para a legenda.
A Presidente Gleisi Hoffmann também levantou a necessidade de o PT se reaproximar de suas bases e refletir sobre sua estratégia para o futuro, especialmente visando as eleições de 2026. Para ela, a organização do partido deve ser feita com responsabilidade e visão de longo prazo.
O clima entre os líderes do PT é de que algo precisa ser feito rapidamente para garantir que a legenda recupere a força nas próximas eleições. As próximas semanas serão cruciais para que o partido consiga alinhar suas estratégias e definir novas diretrizes para se reposicionar na cena política brasileira.
Referências
- https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2024/10/gleisi-diz-que-padilha-ofende-o-pt-ao-fazer-graca-e-afirma-que-trabalho-do-ministro-ajudou-em-resultado-fraco-nas-urnas.shtml
- https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/caio-junqueira/politica/em-reuniao-fechada-pt-responsabiliza-governo-por-derrota-nas-eleicoes/
- https://noticias.r7.com/brasilia/dirigente-do-pt-critica-ministros-de-lula-e-diz-que-partido-vai-definir-nova-imagem-para-2026-28102024/