Entenda os desdobramentos da prisão do bicheiro e o contexto das disputas familiares no crime organizado
Rogério Andrade foi preso na manhã desta terça-feira (29) — Foto: Reprodução/ TV Globo
Na manhã de 29 de outubro de 2024, o contraventor Rogério Andrade foi preso no Rio de Janeiro, em uma operação do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ). A prisão está relacionada ao homicídio de Fernando Iggnácio, executado em 2020, que teve grande repercussão na mídia, dada a conexão de ambos com o jogo do bicho e suas raízes familiares.
O Tribunal de Justiça determinou que Rogério Andrade fosse transferido para um presídio de segurança máxima, visando evitar qualquer tipo de interferência nas investigações. De acordo com a Justiça, “a transferência para presídio federal com RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) se mostra necessária para impedir eventual interferência do denunciado na colheita de provas”, informa o documento judicial.
A disputa pelo controle das atividades ilegais, principalmente no jogo do bicho e na exploração de máquinas de caça-níqueis, gera um histórico de violência entre membros da família Andrade. Após a morte de Castor de Andrade, renomado bicheiro e chefe dos negócios ilegais na cidade, a sucessão do poder teve várias contestações. Fernando Iggnácio, genro de Castor, e Paulinho Andrade, seu filho, eram considerados sucessores. Entretanto, desavenças surgiram, levando a uma série de assassinatos e atentados.
Entre 1999 e 2007, a rivalidade entre Fernando Iggnácio e Rogério Andrade resultou em aproximadamente 50 assassinatos na disputa pelo comando, conforme dados da Polícia Federal. Rogério, que inicialmente ajudava Paulinho, começou a invadir áreas controladas por Iggnácio, o que culminou em um ciclo de vinganças e assassinatos dentro da família.
Fernando Iggnácio, genro do contraventor Castor de Andrade, foi executado dentro de heliporto na Zona Oeste do Rio de Janeiro — Foto: Luciano Belford/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
A série de conflitos internos teve momentos marcantes, como o assassinato de Paulinho Andrade em 1998 e, mais recentemente, o de Fernando Iggnácio em 2020. Após as mortes, Rogério Andrade consolidou-se como a figura central do clã Andrade, tornando-se patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
A situação de Rogério e sua trajetória criminal se entrelaçam com o contexto da segurança pública e a luta contra o crime organizado no Rio de Janeiro. O MP fluminense continua a investigar as ações do contraventor, que esteve sob monitoramento judicial até sua prisão.
A defesa de Rogério Andrade, representada pelo advogado Raphael Mattos, até o momento, optou por não se manifestar sobre a nova ordem de prisão. A ocorrência evidência os problemas estruturais enfrentados pelas autoridades no combate ao crime organizado, que parece fortalecer-se em meio a disputas familiares e ao vácuo de poder deixado por líderes históricos.
Fique atento às desenvolvimentos desse caso e a impactos legais que podem surgir. Para mais informações, sinta-se à vontade para comentar e compartilhar.
Referências
- https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/10/29/justica-determina-que-rogerio-andrade-va-para-presidio-federal.ghtml
- https://www.band.uol.com.br/noticias/cla-andrade-tem-historico-de-mortes-e-atentados-em-briga-pelo-comando-do-jogo-do-bicho-202410291035
- https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/bicheiro-rogerio-de-andrade-e-preso-no-rio-de-janeiro/