Setor de bens de capital enfrenta desafios mesmo com crescimento significativo
Setor de máquinas e equipamentos — Foto: Canva.
Recentemente, a produção industrial brasileira apresentou uma recuperação notável, com crescimento de 1,6% no terceiro trimestre de 2024, encerrando quatro trimestres consecutivos de alta. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revelam que, em setembro, houve um aumento de 1,1% em relação a agosto, marcando o melhor desempenho para esse período desde 2020.
De acordo com Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, “o forte aumento da demanda doméstica tem sustentado a recuperação da indústria brasileira”. A recuperação do setor de bens de capital, essencial para a expansão da economia, também é notável: a produção desse segmento cresceu 7,5% no acumulado até setembro, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Contudo, esse crescimento é frustrado por incertezas fiscais e a pressão das taxas de juros, que superaram 13% ao ano nos contratos que vencem até 2031.
Enquanto o Banco ABC Brasil ressalta que o desempenho do setor foi “benigno” e sugere uma expansão nos investimentos, a avaliação do Banco Central é mais cautelosa. As “condições monetárias mais restritivas” devem levar a uma queda na formação bruta de capital fixo (FBCF), que é uma medida crucial dos investimentos na economia, que deve diminuir de 5,5% neste ano para 2% no ano seguinte.
Um fator adicional que pode influenciar essa recuperação é a implementação da depreciação superacelerada da indústria, que entrou em vigor em setembro. Esse mecanismo permitirá que as empresas deduzam uma parte significativa de seus investimentos em máquinas e equipamentos de seus impostos até 2025, potencialmente estimulando ainda mais o setor.
Contudo, as incertezas quanto à trajetória da dívida pública continuam a desafiar as expectativas de crescimento. O governo federal está sob pressão para elaborar um pacote consistente que transmita confiança aos investidores, o que poderá ajudar a estabilizar as taxas de juros no futuro.
Enquanto isso, as importações de bens de capital estão se recuperando, com um aumento de 20% registrado até setembro, alcançando US$ 26,4 bilhões. Essa tendência positiva é um indicativo de que, apesar dos desafios, a indústria e os investimentos no Brasil continuam a mostrar resiliência.
Para quem está acompanhando o cenário econômico, as próximas semanas prometem ser decisivas. A audiência em torno da revisão fiscal e as medidas de corte de gastos da União serão cruciais para determinar como o Brasil navegará nestas águas incertas.
A discussão e a análise dos efeitos dessas condições econômicas sobre o desempenho industrial são essenciais. O que você acha sobre a atual situação do setor industrial brasileiro? Deixe suas impressões nos comentários!
Referências
- https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/11/03/incerteza-fiscal-e-juro-pem-em-risco-bens-de-capital.ghtml
- https://tribunadonorte.com.br/economia/producao-industrial-avanca-16e-emenda-4-trimestres-de-alta/
- https://bandnewstv.uol.com.br/2024/11/02/ibge-industria-brasileira-cresce-11-em-setembro/