O que muda para o mercado agrícola com a vitória de Trump?
Donald Trump e o agro. Fonte: iStock.com/Roman Tiraspolsky
Após a recente eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o mundo do agronegócio brasileiro está em alerta. A vitória de Trump, conquistada com uma clara vantagem ao levar o estado de Wisconsin, terá impactos diretos e indiretos nas relações comerciais do Brasil com o mercado internacional, especialmente no que diz respeito ao agronegócio.
De acordo com Leandro Consentino, doutor em ciência política pela USP e professor no Insper, o triunfo de Trump pode dificultar a comunicação política entre o governo brasileiro e os EUA. Ele afirma: “O governo Lula passar a ter uma maior dificuldade em uma conversa política mais estreita entre os países, o que pode afetar o agro em alguma medida”.
Entre as possíveis consequências estão a adoção de um maior protecionismo e uma elevação de juros pelo Federal Reserve americano, o que pode dificultar a exportação de produtos brasileiros para os EUA. Consentino destaca que “vender para os EUA deve ficar mais difícil, dada às tarifas norte-americanas”. No entanto, há uma perspectiva otimista: “Essa proteção vai ser aplicada ao mundo todo, abrindo um espaço maior para que as commodities brasileiras entrem no gigante asiático novamente com força”, diz.
Enquanto isso, a história sugere que, em períodos anteriores à gestão de Trump, como durante a guerra comercial entre EUA e China em 2018, o Brasil se beneficiou. “Nós ganhamos mais mercado e passamos os EUA como maior fornecedor de soja para a China”, lembra Leandro Gilio, professor e pesquisador especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper. Esta dinâmica poderá se repetir, especialmente se houver retaliações da China às tarifas impostas pelos EUA.
De acordo com a análise, embora a venda para o mercado americano se torne mais desafiadora, “essa situação abre uma gama de possibilidades para o Brasil exportar para outros importantes mercados”. Além disso, Gilio alerta: “Se os EUA intensificarem o suporte ao produtor norte-americano, isso pode estimular a oferta e eventualmente provocar uma queda nos preços”.
As incertezas no cenário internacional, com uma participação mais ativa dos EUA em conflitos, podem tornar o câmbio menos previsível e aumentar a volatilidade dos mercados, aspectos que não favorecem as nações emergentes como o Brasil. Assim, é essencial que os produtores e investidores do setor agro continuem atentos às mudanças políticas e econômicas que podem impactar diretamente suas estratégias comerciais.
Esta mudança no cenário internacional não apenas gera dúvidas, mas também convoca todos os envolvidos no agronegócio a se prepararem para adaptar suas operações aos novos desafios que estão por vir. O momento é de cautela e observação para entender como os eventos se desenrolarão e quais oportunidades podem surgir neste novo contexto internacional.
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Referências
- https://www.moneytimes.com.br/como-deve-ficar-o-agro-do-brasil-com-o-retorno-de-donald-trump-a-casa-branca-pads/