Celebrando a Liberdade enquanto enfrenta incertezas políticas e sociais
Foto: Ralf Hirschberger./AFP
Neste sábado, 9 de novembro de 2024, a Alemanha celebrou os 35 anos da queda do Muro de Berlim, um marco histórico que simboliza a união e a liberdade. As festividades ocorreram em um contexto político conturbado, com a coalizão do chanceler Olaf Scholz enfrentando uma crise de governabilidade. A festa reuniu milhares de pessoas em Berlim, que foram às ruas para relembrar a importância da liberdade e reviver memórias da ruptura entre o Leste e o Oeste da cidade.
“A palavra ‘Trump’ aparece com facilidade nos depoimentos”, afirmou Melina Treifeld, uma das participantes. Ela ressaltou a grande diferença entre os tempos atuais e a esperança de 1989, quando a queda do muro representava a expectativa por um futuro melhor. A desigualdade ainda persiste, como destacam as divisões políticas entre as antigas Alemanhas Oriental e Ocidental.
Durante as celebrações, foram instalados mais de quatro quilômetros de cartazes com mensagens sobre a liberdade, homenagem ao espírito de protesto que cercou a queda do muro em 1989. A festa teve uma atmosfera de nostalgia, e muitos participantes disseram sentir falta dos valores simples de uma época que consideram mais tranquila. “Eu sou da Alemanha Oriental e minha família tinha uma vida simples, mas feliz”, conta Sophie Jähningen, refletindo a ambivalência de sentimentos que permeiam as comemorações.
O evento também foi marcado por discursos de líderes políticos, incluindo Olaf Scholz, que enfatizou que os valores conquistados em 1989 “não podem ser considerados garantidos”. O lema das festividades, “Preservar a Liberdade”, ganha especial ressonância em tempos onde a democracia enfrenta retrocessos globalmente.
Foto: Tobias Schwarz/AFP
Entre as atividades do evento, dissidentes de diversas partes do mundo foram convidados a participar e lembrar a importância do diálogo em um cenário de polarização crescente. O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, fez um discurso em um memorial, ressaltando a necessidade de aprender com a história e evitar que os horrores do passado se repitam.
No entanto, apesar da celebração, a Alemanha atravessa um período de incertezas políticas. A demissão do ministro das Finanças provocou um colapso na coalizão de Scholz, levando a um cenário político instável e a sondagens que mostram um aumento significativo nas intenções de voto para partidos de extrema direita e extremas. Isso levanta preocupações sobre a saúde da democracia no país e em toda a Europa.
Nesta data, que também marca a Kristallnacht, um evento sombrio na história judaica, o governo alemão sublinhou a importância de recordar e aprender com o passado, especialmente em tempos de crescimento do anti-semitismo e de polarização política.
As reflexões trazidas pela comemoração são profundas e abrangentes, levantando questões sobre o que significa realmente ser livre em um mundo que ainda enfrenta tantas divisões.
Ao concluir, é fundamental que essas lembranças inspirem não apenas celebrações, mas também ações que promovam um futuro mais unido e respeitoso entre todos.
Referências
- https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2024/11/mundo-nao-parece-muito-melhor-agora-dizem-alemaes-35-anos-apos-a-queda-do-muro.shtml
- https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/11/09/em-crise-alemanha-comemora-35-anos-da-queda-do-muro-de-berlim.ghtml
- https://www.terra.com.br/noticias/9-de-novembro-uma-data-fatidica-e-ambivalente-na-historia-alema,f2d0da6b8ad3c243f236913f0e5fbd06vw6n2jy2.html