O que motivou a suspensão do fornecimento de carne e qual o impacto para os consumidores?
CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, publicou comunicado sobre a suspensão de carne do Mercosul – Foto: Reprodução.
No dia 20 de novembro de 2024, um comunicado de Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, causou agitação no setor agropecuário brasileiro. No texto, Bompard afirmava que o Carrefour “assume hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”, provocando reações imediatas dos frigoríficos brasileiros.
Apesar da decisão do Carrefour, que sucede protestos de agricultores franceses contra acordos comerciais com o Mercosul, o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, manifestou apoio à suspensão do fornecimento de carne ao grupo, afirmando que se sentia “feliz” com a reação dos frigoríficos brasileiros. Essa posição resultou em uma interrupção significativa no fornecimento de carne bovina por grandes empresas do setor, como JBS, Marfrig e Masterboi, que deixaram de fornecer carne ao Carrefour, impactando diretamente suas operações no Brasil.
As primeiras consequências do boicote já se refletiram nas prateleiras das lojas. Relatos de consumidores indicam uma escassez crescente de produtos, especialmente carnes, em várias unidades do Carrefour em São Paulo. Um levantamento feito em três lojas revelou que 34 dos 60 clientes entrevistados notaram falta de produtos específicos.
Carrefour em Presidente Prudente (SP) – Foto: Leonardo Bosisio/g1.
A tensão se intensificou com o anúncio político de representantes da bancada do agro no Congresso Nacional, defendendo a criação de leis de reciprocidade comercial com a França. O deputado Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, destacou, “Se carne brasileira serve aqui, tem que servir na França”, reforçando a necessidade de uma resposta do setor agro aos desafios impostos pelas restrições de importação.
As consequências econômicas para o Carrefour podem ser significativas. De acordo com análises do Goldman Sachs, a falta de carne, que representa de 6% a 12% das vendas da rede no Brasil, pode provocar uma queda de até 1,8% no lucro líquido da empresa para cada dia de desabastecimento, podendo impactar também a venda de outras categorias de produtos.
Além do impacto imediato nas prateleiras, o conflito expõe um dilema profundo nas relações comerciais entre o Brasil e a União Europeia, evidenciando o desafio da indústria agropecuária nacional em competir sob novas dinâmicas de mercado. Com as negociações do acordo entre Mercosul e UE estagnadas, a pressão sobre o setor agrícola brasileiro continua a crescer, e o desdobramento da situação em relação ao Carrefour ainda é incerto.
Os cidadãos e consumidores esperam que as partes envolvidas consigam um entendimento que minimize as consequências negativas e promova a qualidade e a segurança alimentar no Brasil. Comentários e experiências sobre a disponibilidade de carne nas lojas Carrefour estão abertos para debate nos comentários abaixo.
Referências
- https://g1.globo.com/globonews/globonews-em-ponto/noticia/2024/11/25/carrefour-x-frigorificos-brasileiros-entenda-o-imbroglio.ghtml
- https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/politica/bancada-agro-defende-boicote-ao-carrefour-se-carne-brasileira-serve-aqui-tem-que-servir-na-franca
- https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/11/carne-ja-comeca-a-faltar-em-unidades-do-carrefour-em-sp-com-boicote-de-frigorificos.shtml