Banco alega desvio de conduta e indícios de crimes na gestão do ex-executivo
Itaú abriu investigação sobre fluxo de pareceres técnicos — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
O Itaú Unibanco protocolou uma ação civil contra Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro da instituição, e seu sócio Eliseu Martins. As acusações giram em torno de irregularidades financeiras que teriam beneficiado Broedel em aproximadamente R$ 4,86 milhões. Segundo uma investigação interna do banco, Broedel seria o responsável por contratar pareceres da empresa de Martins e, em uma complexa engenharia financeira, teria recebido valores esses como “rebates” pelos serviços prestados.
De acordo com informações divulgadas, a investigação interna começou em agosto, após relatos informais de que Broedel estava atuando como parecerista para empresas concorrentes durante sua gestão no Itaú. “O banco considerou que existiam indícios de gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro”, afirmaram fontes ligadas ao processo.
Broedel, que saiu do banco para assumir um cargo no Santander na Espanha, refutou as acusações, classificando-as como “infundadas e sem sentido”. Ele alega que os contratos e serviços prestados eram de conhecimento do Itaú e justifica que nunca houve conflitos de interesse declarados.
Relatório da investigação do Itaú que apontaria proximidade de datas de pagamentos por pareceres e transferências de recursos ao ex-CFO — Foto: Reprodução
Durante a apuração, foram detectadas 56 transferências suspeitas das empresas ligadas a Martins para Broedel, sendo 23 delas realizadas em datas próximas aos pagamentos feitos pelo Itaú pela prestação de serviços de pareceres. O total dessas transferências soma R$ 4,86 milhões. A instituição tomou medidas adicionais, ativando o Banco Central e outras autoridades para investigar a extensão das irregularidades.
Além disso, a assembleia geral realizada em 5 de dezembro determinou que sejam tomadas todas as medidas legais cabíveis contra Broedel e Martins. O relacionamento dos executivos revela um histórico que começa em 1998, quando se tornaram sócios na Broedel Consultores Associados, uma informação que não foi revelada ao banco, violando as normas internas de compliance.
Alexsandro Broedel foi diretor financeiro do Itaú Unibanco — Foto: Reprodução/LinkedIn
O Itaú assegura que as irregularidades não impactaram significativamente as suas demonstrações financeiras e reafirma seu compromisso com a ética e compliance corporativa. A imagem da instituição pode ser afetada pela gravidade das acusações, e o banco se compromete a buscar reparação judicial pela quantia que considera ter sido apropriadamente desviada.
Esse cenário gerou uma ampla discussão sobre as práticas de governança corporativa e compliance nas grandes instituições financeiras do Brasil. O caso levanta questões importantes sobre ética no ambiente corporativo e a necessidade de rigor nas políticas internas para evitar conflitos de interesse.
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Referências
- https://valor.globo.com/financas/noticia/2024/12/07/itau-processa-ex-cfo-broedel-e-seu-socio-em-acusacao-sobre-pareceres-veja-bastidores-da-investigacao.ghtml
- https://braziljournal.com/itau-ve-indicios-de-crimes-em-conduta-de-ex-cfo/
- https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/12/itau-acusa-ex-diretor-de-violar-normas-e-comunica-banco-central.shtml