Decisão unânime do Copom reflete um cenário inflacionário desafiador no Brasil.
Sede do Banco Central em Brasília. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Na última reunião do ano, realizada em 11 de dezembro de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu elevar a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano. Essa alta de 1 ponto percentual foi unânime entre os nove membros do comitê e representa o maior aumento desde fevereiro de 2022.
De acordo com o comunicado divulgado, o aumento da taxa é uma resposta à aceleração da inflação no Brasil, que está acima das metas estabelecidas. “Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, diz o texto. O Copom ainda sinalizou novas altas previstas de 1 ponto percentual em suas próximas reuniões, agendadas para janeiro e março de 2025.
O cenário atual da economia brasileira está sendo afetado por diversas variáveis, incluindo um cenário externo desafiador e incertezas fiscais que têm gerado depreciação do câmbio e deterioração das expectativas de inflação. O Banco Central ressaltou que a inflação cheia e as medidas subjacentes estão acima da meta, caracterizando um panorama que exige uma política monetária mais contracionista.
“Com o atual cenário de aquecimento da economia, ainda existe o risco de inflação, o que requer a adoção de uma política fiscal e monetária rigorosa”, afirma o Copom. A equipe econômica apresentou um pacote de propostas para corte de gastos, incluindo limitações no salário mínimo e mudanças no acesso a benefícios sociais, o que potencialmente exacerba a incerteza no mercado e influencia a pressão inflacionária.
Câmbio é visto por analistas como fator a pressionar a inflação. — Foto: freepik
O ciclo de alta da Selic começou em setembro, quando a taxa foi aumentada em 0,25 ponto percentual. Desde então, as elevações têm sido mais agressivas, refletindo a necessidade de ajustar a política monetária em resposta às condições econômicas adversas. O Copom alertou ainda que a combinação de incertezas internas e externas pode agravar a situação inflacionária nos próximos meses.
Essa foi a última reunião do Copom sob a presidência de Roberto Campos Neto, que deixará o cargo em janeiro, quando Gabriel Galípolo assumirá a presidência do Banco Central. A mudança na liderança ocorre em um momento crítico para a política monetária do Brasil, simbolizando a continuidade da luta contra a inflação.
As expectativas do mercado permanecem voláteis, e as projeções para a inflação em 2024 e 2025 foram ajustadas, com previsões apontando para taxas superiores a 4%. Os analistas ressaltam que a combinação da forte alta do dólar e os novos cortes fiscais podem aumentar a pressão sobre os preços, dificultando a missão do Banco Central de estabilizar a inflação.
Com essas mudanças, o Banco Central busca não apenas garantir a estabilidade de preços, mas também promover um ambiente propício para o crescimento econômico saudável.
“A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação.” — Copom, 11/12/2024
Em um cenário onde a economia global também apresenta desafios, as decisões do Copom serão monitoradas de perto, tanto pelo mercado interno quanto por investidores internacionais, visto que a taxa Selic influencia diretamente as taxas de juros do país e, por consequência, a vida financeira de todos os brasileiros.
Referências
- https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/12/11/copom-acelera-alta-de-juros-e-eleva-taxa-selic-de-1125percent-para-1225percent-ao-ano.ghtml
- https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/bc-acelera-alta-dos-juros-e-eleva-selic-a-1225-em-ultima-reuniao-de-2024/
- https://www.infomoney.com.br/economia/copom-volta-a-acelerar-ritmo-e-eleva-selic-em-1-p-p-para-1225-ao-ano/