Informações de delação prestada à PF revelam tentativas de obter depoimentos secretamente
Tenente-coronel Mauro Cid na CLDF. — Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez declarações impactantes durante sua delação premiada, revelando que o ex-ministro Braga Netto e o advogado Fábio Wajngarten tentaram obter informações acerca de seus depoimentos. De acordo com Cid, ambos buscaram contato com seus familiares, incluindo sua esposa e pai, para apurar o conteúdo que ele havia compartilhado no âmbito das investigações da Polícia Federal (PF).
Em um depoimento gravado em 5 de dezembro de 2024, que se tornou público na última semana, Cid afirmou: “Faziam um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado”. O tenente-coronel enfatizou que essas abordagens eram feitas por telefone, em razão da distância, e mencionou que pessoas foram “intermediárias” buscando esses contatos.
A gravitação dos eventos tomou proporções ainda maiores com a recente derrubada do sigilo da sua delação premiada, o que permitiu a divulgação de detalhes sobre as atividades investigativas envolvendo figuras proeminentes do governo Bolsonaro. Cid afirmou que tentativas similares de contato também foram efetuadas por Wajngarten. “Ele tentou até ligar para minha esposa também, eu acho, para saber o que eu tinha falado”, declarou Cid na ocasião.
O advogado Fábio Wajngarten, ao se pronunciar sobre as declarações do delator, repudiou as informações, referindo-se a Cid como um “delator que já se desmentiu três vezes” e expressando sua indignação com a cobertura midiática acerca do caso. Em suas palavras, “é incompreensível e absurdo que a mídia dê espaço para um delator que já se desmoralizou”.
Tal situação ocorre em meio a um contexto político intenso, onde, na mesma semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 indivíduos por suposta participação em uma trama golpista entre 2021 e 2023. A delação de Cid inclui informações sobre diversas investigações, como a tentativa de golpe, além de outros casos, como de joias trazidas da Arábia Saudita e fraudes em cartões de vacinação.
As declarações de Cid geram incertezas e profundas discussões sobre os limites da ética política no Brasil e levantam questões sobre a integridade das investigações em curso. A busca incessante por informações privilegiadas e as possíveis consequências legais que os envolvidos podem enfrentar continuam a ser temas centrais na ferramenta jurídica.
O desdobramento desse caso é um convite à reflexão sobre os mecanismos de defesa disponíveis para os envolvidos e à importância da transparência em questões que permeiam a política brasileira. Os leitores são convidados a compartilhar suas opiniões sobre o assunto nos comentários abaixo.
Referências
- https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/02/21/video-cid-diz-que-braga-netto-e-fabio-wajngarten-tentaram-obter-informacoes-sobre-primeiros-depoimentos.ghtml
- https://www.cnnbrasil.com.br/politica/veja-as-vezes-em-que-o-juiz-moraes-cita-a-vitima-moraes-em-delacao-de-cid/