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Pautas ideológicas ficam em segundo plano em meio à busca por diálogo com o Judiciário

Paulo Azi em discurso na Câmara dos Deputados
Um homem de terno escuro e gravata está em pé, falando em um microfone, segurando um papel e em frente a uma bandeira do Brasil. O ambiente é uma sala de plenário. — Foto: Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados passa por uma nova fase com a recente eleição de Paulo Azi, do União Brasil-BA, para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em entrevista à Folha de S.Paulo, Azi revelou que sua prioridade será dar atenção especial à pauta do governo Lula, ao contrário da gestão anterior, que tinha foco em temas ideológicos. “Hoje a CCJ sofre muito com a instauração desse clima de radicalismo que provoca a não votação das matérias”, disse o novo presidente.

Azi, que anteriormente foi oposto a muitas iniciativas do governo, agora busca uma postura conciliatória. “Não vou estar lá para assumir nenhuma posição específica de ser governo ou de oposição”, garantiu, ressaltando a importância do diálogo entre os poderes Legislativo e Judiciário: “Não devemos contribuir para jogar gasolina na fervura”.

Sessão da CCJ da Câmara em outubro de 2024
Foto da sessão da CCJ da Câmara em outubro de 2024. — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Além da CCJ, outras comissões da Câmara também refletem uma nova composição com predominância de partidos de direita e centro-direita, fruto do resultado das eleições de 2022. “Com mais deputados, o PL comandará cinco comissões”, afirmam especialistas em análise política. No total, cinco comissões estão sob a direção de partidos de direita. As demais incluem o PSL, PP, Republicanos e União Brasil, que juntas ocupam a metade das 30 comissões formadas.

A nova disposição das comissões é um reflexo das mudanças no cenário político, mas também representa um desafio para os partidos da esquerda que, no total, podem compor apenas nove delas. A coordenação das pautas passa a ter um caráter estratégico, e o papel das comissões será ainda mais crucial para a discussão aberta entre os parlamentares.

A mudança na CCJ e a formação das comissões ocorreram em um momento em que a necessidade de diálogo e cooperação se tornam urgentes. As novas lideranças buscam um equilíbrio entre as vozes da direita e do centro-esquerda, especialmente na CCJ, presidida agora por um membro da oposição histórica ao governo Lula.

“Estamos sendo desafiados a construir um ambiente mais civilizado e produtivo”, finalizou Azi, refletindo sobre a necessidade de um compromisso com o progresso legislativo.

A expectativa é que as reuniões das comissões se intensifiquem, permitindo um maior controle sobre as propostas que serão apresentadas e debatidas, como resposta à urgência das demandas sociais que permeiam o Brasil.

Referências

  • https://www1.folha.uol.com.br/poder/2025/03/presidente-da-ccj-afasta-embate-com-stf-e-pauta-ideologica-e-promete-priorizar-projetos-de-lula.shtml
  • https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/03/20/comissoes-da-camara-refletem-influencia-da-direita-no-congresso-veja-quais-partidos-comandarao-os-colegiados.ghtml
  • https://www.brasildefato.com.br/2025/03/19/camara-instala-comissoes-e-esquerda-assume-comando-de-nove-dos-30-colegiados/

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