Premiação destaca trabalho que combate a intolerância religiosa através da fotografia
Fotógrafo Gui Christ posa para foto no Parque Augusta, na Zona Central de São Paulo, após entrevista ao g1 — Foto: Fábio Tito/g1.
O fotógrafo brasileiro Gui Christ foi homenageado como o melhor fotógrafo de retratos do ano durante o prestigiado Sony World Photography Awards 2025, realizado em Londres. Sua série fotográfica, intitulada “M’kumba”, aborda a temática da intolerância religiosa e as tradições das religiões afro-brasileiras, um assunto que continua a ser alvo de discriminação no Brasil.
Em uma entrevista ao g1, Gui expressou sua gratidão, dizendo: “Toda vitória pertence a Ogun, pertence a todos os terreiros do Brasil”. O trabalho dele foi escolhido em meio a mais de 413 mil fotografias de 220 países inscritos nessa edição do concurso, um dos mais respeitados do mundo, que visa reconhecer e celebrar a arte fotográfica contemporânea.
O ensaio “M’kumba”, que significa “encontro de sábios” e tem origem na cultura de Congo-Angola, mostra a expressividade e a riqueza das tradições africanas em contextos modernos. Gui menciona que seu objetivo foi “usar a fotografia para combater a intolerância religiosa”, traçando um paralelo entre suas experiências pessoais e a história e os rituais das comunidades afro-brasileiras.
As imagens da série são tanto um testemunho quanto uma celebração, buscando desmistificar preconceitos. Gui destaca como rigorosos ataques a esse patrimônio cultural têm ocorrido, afirmando que “apenas em 2024, foram mais de 2 mil registros de agressões a terreiros e manifestações religiosas”.
Dentre as imagens que compõem o projeto, destaque para “A Morte tem medo da galinha-d’angola”, que reflete a conexão entre as representações modernas e ancestrais, celebrando a cultura afro-brasileira.
‘A Morte tem medo da galinha-d’angola’: imagem faz parte da série ‘M’kumba’ — Foto: Gui Christ/2025 Sony World Photography Awards.
Além de seu prêmio, outros dois fotógrafos brasileiros também foram reconhecidos nas categorias Paisagem e Arquitetura, tornando este momento um marco importante para a fotografia nacional. O evento, que homenageou a fotógrafa documentarista Susan Meiselas por sua contribuição significativa à fotografia, é um importante reconhecimento para artistas que exploram questões sociais através da arte visual.
Com sua dedicação e sensibilidade, Gui Christ se coloca como um defensor das tradições afro-brasileiras, usando sua arte para contar histórias e provocar reflexão sobre um dos temas mais urgentes da contemporaneidade. O fotógrafo finaliza sua mensagem dizendo que essa não é apenas sua vitória, mas uma homenagem a todos os descendentes de africanos escravizados no Brasil.
Os visitantes poderão conferir as emocionantes imagens da série “M’kumba” na exposição que ocorrerá de 17 de abril a 5 de maio de 2025, na Somerset House em Londres.
“Essa vitória é de 5 milhões de escravizados que foram trazidos para o Brasil e de todos os seus descendentes”, afirma Gui.
O leitor é convidado a deixar suas opiniões e reflexões nos comentários e compartilhar essa importante conquista.
Referências
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/04/17/eleito-melhor-fotografo-de-retratos-do-ano-gui-christ-explica-conceito-do-projeto-mkumba-potencia-da-fotografia-para-combater-a-intolerancia.ghtml
- https://www.cnnbrasil.com.br/lifestyle/brasileiro-e-eleito-melhor-fotografo-de-retratos-do-ano-em-premio-veja/
- https://mediatalks.uol.com.br/2025/04/17/fotografo-brasileiro-premiado-em-concurso-global-da-sony/