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Impactos do fechamento da True Temper e as políticas industriais de Donald Trump

Carrinhos de mão da True Temper
Os carrinhos de mão da True Temper — Foto: Bloomberg

O fechamento da Ames True Temper, uma tradicional fabricante de carrinhos de mão nos Estados Unidos, marca um momento significativo na trajetória da indústria americana. Em 2017, durante o seu primeiro mandato, Donald Trump visitou a fábrica em Harrisburg, Pensilvânia, para celebrar os 100 dias de governo, anunciando um compromisso com a produção e emprego locais. Na ocasião, Trump declarou: “Acreditamos no ‘Made in USA’, e isso está voltando com mais força”.

Infelizmente, essa visão otimista agora contrasta com a realidade atual. Oito anos depois da visita, a fábrica fechou suas portas, transferindo a produção para a China, em uma decisão que afetou severamente a economia local e resultou na perda de mais de 250 empregos. “Você nunca quer ver empresas levantando acampamento e deixando sua região”, afirmou Ryan Unger, presidente da Câmara de Comércio Regional de Harrisburg, destacando o impacto negativo na comunidade.

Adegju(food) destaca que, apesar das taxas de desemprego estarem relativamente baixas, o número de empregos na manufatura não tem crescido adequadamente. Desde a ascensão de Trump ao cargo, cerca de 430 mil pessoas a mais estão empregadas na indústria, mas esse crescimento é inferior à taxa geral da força de trabalho. O fechamento da Ames True Temper exemplifica o desafio contínuo enfrentado pelos fabricantes americanos em um cenário de globalização e automação.

Além disso, as tarifas impostas por Trump, que visam proteger empregos e indústrias locais, têm gerado um efeito paradoxal. Em vez de reter as manufaturas nos EUA, essas políticas têm elevado custos, dificultando a operação de empresas que desejam expandir suas atividades. Atualmente, mais de 1.100 pedidos de isenção sobre tarifas já foram feitos por diversas indústrias que buscam continuar a importar insumos necessários para a produção.

Os problemas não se limitam apenas a questões de custo; de acordo com fabricantes, a falta de uma abordagem clara e abrangente no fortalecimento da manufatura é critíca. Como observou Alan Ghani em seu artigo, “a capacidade de produzir nos EUA não é mais a mesma de 40 anos atrás”, e programar um retorno a esse padrão requer políticas públicas consistentes.

A antiga planta da Ames True Temper, agora desativada, simboliza a luta da indústria americana em se adaptar às novas realidades econômicas. A cidade de Harrisburg, que um dia foi um centro de manufatura, se transforma lentamente em um polo de serviços, questionando a viabilidade de recuperar os antigos padrões de produção. A prefeita de Harrisburg, Wanda Williams, ressaltou a dificuldade de atrair novas indústrias para a região devido à falta de infraestrutura adequada.

Em conclusão, o fechamento da Ames True Temper não é apenas uma perda local, mas um reflexo de desafios maiores enfrentados pela economia dos EUA. Quando Trump disse, “Estamos apenas começando”, a realidade atual parece sugerir um caminho mais difícil e menos otimista para a manufatura americana. Os leitores são convidados a refletir sobre essas mudanças e a compartilhar suas opiniões e experiências sobre o tema.

Referências

  • https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/04/30/fabrica-onde-trump-comemorou-os-100-dias-de-seu-1o-governo-nao-existe-mais-producao-foi-para-a-china.ghtml
  • https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alan-ghani/100-dias-trump-um-balanco-de-erros-e-acertos-na-economia/


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