O que a visita de JD Vance à Santa Sé significa para a relação entre religião e política nos EUA?
Fonte: Vatican Media/Handout via Reuters
O Papa Francisco recebeu no último domingo (20) o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, no Vaticano. Este encontro ocorreu pouco antes das celebrações da Páscoa e levantou questões sobre a relação entre a fé e a política, especialmente considerando as recentes críticas do pontífice à política migratória do governo Trump.
A reunião, que aconteceu na Casa Santa Marta, foi marcada por um tom cordial apesar das tensões existentes entre o Vaticano e a administração Trump. JD Vance, que carrega consigo uma forte base religiosa, procurou reforçar o apoio ao discurso cristão, um movimento que se intensificou especialmente na Semana Santa. O Papa, que tem criticado abertamente as políticas de expulsão massiva de migrantes, também se manifestou sobre a dignidade humana, afirmando que “o que se constrói à base de força, e não a partir da verdade sobre a igual dignidade de todo ser humano, mal começa e mal terminará”.
Durante a visita, o Papa Francisco presenteou Vance com itens simbólicos, incluindo uma gravata adornada com o brasão do Vaticano e ovos de Páscoa para os filhos do vice-presidente. Em resposta ao presente e à recepção, Vance expressou sua gratidão, afirmando: “É um prazer vê-lo em melhor estado de saúde… Rezo pelo senhor todos os dias. Que Deus o abençoe”.
O evento destaca a continue tensão entre a instrumentalização da religião e a prática espiritual autêntica, à medida que figuras políticas, como Donald Trump, utilizam a Páscoa para reforçar sua agenda conservadora. Em discurso oficial, Trump se alinha à narrativa dos cristãos nacionalistas e usa a oportunidade para reafirmar a defesa da fé em instituições públicas, uma postura que gerou controvérsias em setores mais amplos da sociedade.
De um lado, o Vaticano expressa sua preocupação com a crescente polarização e a utilização da fé como uma ferramenta de influência política. De outro, a administração Trump busca reafirmar a religiosidade como base de sua governança, o que levanta questões sobre a separação entre Estado e Igreja.
O encontro entre Francisco e Vance não é apenas um reflexo das relações diplomáticas, mas também um indicativo das novas dinâmicas que moldam a interação entre a fé católica e a política nos Estados Unidos. Para muitos analistas, a figura do papa se torna uma voz de resistência ao discurso conservador que é frequentemente associado a tendências autoritárias.
Como esses movimentos se desenvolverão e que impacto terão sobre a relação entre fé e política no futuro próximo permanecem questões em aberto, que certamente continuarão a gerar debates acalorados.
Convida-se leitores a compartilharem suas opiniões sobre a instrumentalização da fé na política atual e se o papel do Papa Francisco pode ser um divisor de águas nesse debate.
Referências
- https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/04/20/papa-francisco-recebe-vice-presidente-dos-eua-jd-vance-no-vaticano.ghtml
- https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2025/04/20/trump-instrumentaliza-pascoa-e-abre-casa-branca-para-cristaos-nacionalistas.htm
- https://www.brasil247.com/blog/a-fe-sob-medida-j-d-vance-no-vaticano-e-o-neocatolicismo-da-extrema-direita