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Como a erradicação da varíola abriu caminho para o aumento de casos de mpox na região

Ilustração de pústulas da varíola e pacientes com mpox
Ilustração à esquerda mostrando pústulas da varíola em uma mulher, 1884. Imagem à direita de 1997, mostrando as palmas de um paciente com mpox na República Democrática do Congo. Fonte: Smith Collection/Gado/Getty Images; CDC/Image Point FR/BSIP/Universal Images Group via Getty Images.

Desde 2022, o surto de mpox, anteriormente conhecido como monkeypox, tem mostrado um aumento alarmante de casos na República Democrática do Congo (DRC) e em outras partes da África. Em 2024, a situação se agravou, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou mpox como uma “emergência de saúde pública de interesse internacional”. Este fenômeno revela como a erradicação bem-sucedida da varíola contribuiu, inadvertidamente, para a disseminação do mpox.

O primeiro registro conhecido de mpox ocorreu em 1970, na DRC, quando um garoto de nove meses apresentou febre e erupções cutâneas, cujo diagnóstico inicial confundiu-se com varíola. Desde então, a relação entre esses dois vírus se tornou evidente. A imunidade desenvolvida durante as campanhas de vacinação contra a varíola não estava mais presente após o fim dessas vacinas, resultando em um aumento significativo dos casos de mpox, especialmente entre indivíduos que nunca chegaram a ser vacinados.

No período recente, a DRC tem enfrentado um número profundo de casos, somando 5.610 casos confirmados e 25 mortes apenas em 2024. Esta região, particularmente a província de Sul Kivu, observou uma média de 350 novos casos por semana, conforme relatado pelo epidemiologista Dr. Justin Bengehya. Historicamente, a DRC é um ambiente onde o mpox é endêmico, mas a quantidade crescente de infecções nos últimos anos acendeu alarmes globais.

Pacientes em um centro de tratamento de mpox
Pacientes escutam um médico na sala de consulta do centro de tratamento de mpox no Hospital Geral de Referência de Nyiragongo, DRC, em 17 de agosto de 2024. Fonte: Guerchom Ndebo/AFP via Getty Images.

A mudança na pegada do mpox, passando de uma infecção esporádica para um surto mais presente, é um resultado direto da perda de imunidade que seguia a erradicação da varíola. “Nós vacinamos contra a varíola e a erradicamos. Mas olha, algo surgiu disso: o mpox”, pontua Anne Rimoin, professora de epidemiologia.

Além da diminuição da imunidade, as mudanças nas dinâmicas de transmissão também contribuíram para o surto atual. O mpox, que antes era associado a contato com animais silvestres, agora se espalha mais eficazmente de pessoa para pessoa, principalmente em ambientes onde há proximidade física, como lares e entre parceiros sexuais.

Os desafios na resposta à epidemia estão também ligados à diminuição das habilidades médicas após a erradicação da varíola. As capacidades de vacinação e investigação de casos, que foram fundamentais durante a erradicação da varíola, atualmente estão comprometidas na DRC e em outras áreas afetadas.

A prioridade para a vacinação em áreas mais afetadas e em populações em risco se tornou crucial, mas ainda há um caminho a percorrer. O reconhecimento da necessidade de reiniciar programas de vacinação e melhorar a resposta internacional pode ser a chave para a contenção do mpox e a prevenção de novos surtos.

Diante do aumento dos casos, é essencial que a comunidade internacional mantenha a vigilância e ofereça apoio às áreas afetadas. Os comentários e experiências dos leitores sobre essa situação podem contribuir para um entendimento mais profundo e soluções efetivas.

Referências

  • https://www.npr.org/sections/goats-and-soda/2024/10/08/g-s1-26474/smallpox-mpox-virus-outbreak-vaccine-public-health
  • https://www.who.int/publications/m/item/multi-country-outbreak-of-mpox–external-situation-report–39—6-october-2024
  • https://tulanehullabaloo.com/67168/data/mpox-outbreak-spreads-in-africa-has-not-reached-us/

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