Uma carta de adeus expõe a luta contra o Alzheimer e o desejo de morrer com dignidade
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Antonio Cicero, renomado poeta e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), faleceu na manhã do dia 23 de outubro de 2024, em Zurique, na Suíça, ao realizar um procedimento de eutanásia assistida. O poeta, de 79 anos, lutava contra os efeitos devastadores da doença de Alzheimer e, em uma carta de despedida, expressou a angústia de sua condição e o desejo de deixar este mundo com dignidade.
“Queridos amigos, encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem”, escreveu Cicero, demonstrando sua lucidez apesar da doença.
Antonio Cicero deixou uma obra significativa na música e na literatura, sendo irmão da cantora Marina Lima. Ele tem em seu currículo composições famosas que tornaram-se clássicos da música brasileira, como “Fullgás” e “O Último Romântico”. Sua morte não apenas provoca uma reflexão sobre a eutanásia, uma prática legalizada na Suíça, mas também sobre a dignidade humana em meio ao sofrimento.
A decisão de Cicero foi acompanhada por seu marido, o figurinista Marcelo Pies, que enviou comunicados a amigos e admiradores, lamentando a partida do poeta. “Ele se foi da forma que esperava, sem perder a dignidade que tanto prezava”, comentou Pies.
Além da dor pela perda, o psicanalista Arnaldo Chuster, que comentou a situação de Cicero, destacou que “Cícero não temia a morte. Temia ser esquecido por si mesmo por causa da doença.” Essa afirmação ressalta a importância das memórias e da identidade, tão afetadas pelo Alzheimer.
A ABL anunciou que todas as atividades foram suspensas em respeito à memória do poeta. A sessão de saudade em sua homenagem ocorrerá no dia 24 de outubro, marcando o luto pela perda de um grande ícone da cultura brasileira.
O legado de Antonio Cicero ficará eternamente registrado não só em suas obras, mas também nas lembranças que ele cultivou em vida, tornando-se uma voz importante em debates sobre dignidade e escolhas no final da vida.
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Leia mais sobre a perspectiva do psicanalista Arnaldo Chuster.
Veja detalhes sobre a vida e obra de Antonio Cicero no G1.
Referências
- https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2024/10/minha-vida-de-tornou-insuportavel-diz-antonio-cicero-em-carta-de-despedida-leia.shtml
- https://lulacerda.ig.com.br/2024/10/cicero-nao-temia-a-morte-temia-ser-esquecido-por-si-mesmo-por-causa-da-doenca-comenta-psicanalista-arnaldo-chuster-sobre-a-eutanasia-de-antonio-cicero/
- https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/10/23/antonio-cicero-escritor-membro-da-abl-morre.ghtml